O torcedor é muito mais complexo e eclético do que se imagina. Por meio do estudo Sponsorlink, o IBOPE Repucom esboçou uma radiografia desses brasileiros com valiosas informações sobre este mercado que, curiosamente, discute e coloca em cheque alguns dogmas.
O maior deles é de que o Brasil é o país do futebol. A paixão por esse esporte é visível durante os jogos da Copa do Mundo, com ruas em verde e amarelo, ou simplesmente nas peladas de final de semana, com a tradicional batalha entre os “com camisa” e os “sem camisa”. Mas, certamente podemos afirmar que o Brasil também é o país do vôlei. Atualmente, tem o maior interesse nacional: 84% demonstram algum tipo de interesse no esporte. Em segundo lugar, encontra-se o futebol de campo, com 81%.
Entretanto, quando consideramos a intensidade desse interesse, não é difícil acertar quem encabeça esse ranking. A pesquisa do IBOPE Repucom classifica como superfã a pessoa que se declara “muito interessada” por um determinado esporte e, de longe, o futebol tem o maior número de fanáticos. No universo pesquisado, 42% se enquadraram como um superfã de futebol, enquanto no vôlei a proporção é de 25%.
A principal diferença é que essa paixão vai além de um simples interesse pelo esporte. Quase metade dos superfãs de futebol vai ao estádio e 65% levariam sua família para um jogo, números bem maiores que os observados no total da população. E se engana quem pensa que este brasileiro fica apenas sentado no sofá. É considerável a relação que eles possuem com o esporte como um todo: mais de dois terços afirmam que a prática esportiva é indispensável em suas vidas – jogar bola é, disparada, a atividade favorita para 45% deles.
Existe uma protagonista chave no cotidiano do torcedor quando pensamos na maneira como tais eventos são consumidos: a televisão. Ela é soberana como o meio mais utilizado para acompanhar o futebol de campo, por 77%. Fora do horário das competições, a TV também é o principal meio para buscar informações sobre o tema: 94% da população tem o hábito de assisti-la para manter-se informada sobre seus esportes favoritos – 70%, inclusive, faz questão de sempre recorrer a ela.
Quando analisamos os superfãs de diversos esportes, notamos um comportamento bem característico: habitualmente buscam as mais diversas alternativas para acompanhar transmissões esportivas, muito mais que a média. Considerando que esses conteúdos são majoritariamente transmitidos ao vivo e que existe um forte sentimento de imediatismo, eles não veem problemas em usar o meio que estiver ao seu alcance naquele momento específico. Particularmente, para um fanático por futebol, o rádio tem uma maior relevância. Enquanto 11% da população recorre a este meio para acompanhar transmissões esportivas, entre esses superfãs o índice sobe para 17%.
Já a internet desempenha um importante papel, tanto de simultaneidade quanto de complementariedade. De acordo com o estudo, 74% costumam acessar internet enquanto assistem esportes na TV, e pelos mais diferentes devices. Mais da metade procura informações pelo notebook ou pelo desktop, e 43% recorrem à internet via celular. Nessa segunda tela, a maioria posta ou acompanha posts nas redes sociais, além de ler/escrever mensagens instantâneas. No entanto, é interessante notar como a internet também é uma ferramenta para complementar o conteúdo emitido pela TV, já que 29% acompanha resultados de outras partidas e 26% acessa sites com informações do seu time.
Boa notícia para os patrocinadores
Todo esse envolvimento dos brasileiros com suas modalidades favoritas gera oportunidades para marcas que desejam incluir o esporte em suas estratégias de comunicação. O patrocínio pode ser fator decisivo na hora da compra, e o consumidor confirma que as ações voltadas ao segmento têm, sim, impacto.
Quando pensa em Fórmula 1, por exemplo, 84% da população se lembra de alguma marca. No caso de um superfã de vôlei, 63% escolheria uma marca que patrocina um time ou um atleta, em detrimento de uma que não patrocina. Outros 56% dos superfãs de MMA gostam de se manter informados sobre as marcas que patrocinam algum esporte.
O mais interessante é que essa fase de consideração evolui para uma conversão efetiva de compra. No último ano, 57% dos entrevistados afirmaram ter comprado algum produto oficial esportivo, gastando em média R$147 – entre os superfãs de futebol, a compra chega a impressionantes 76% e o ticket médio sobe para R$155. A fama do amor às compras pode até ser das mulheres, mas quando o assunto é esporte, são os homens que adoram gastar. Quanto maior o ticket médio de gastos com produtos esportivos, maior a proporção de homens encontrada.
O estudo também coloca fim a um famoso e antigo mito do mundo dos esportes. Para 75% da população, é baixa a probabilidade deles deixarem de comprar produtos ou serviços de uma empresa que patrocina um time adversário. A realidade é que quase metade da população afirma que, na verdade, está mais propensa a gostar de uma marca por ela estar envolvida em patrocínios esportivos. Ou seja, a parceria das marcas com times e atletas só tem benefícios para ambas as partes.
Grau de interesse pelo esporte (%)
Fonte: IBOPE Repucom, Sponsorlink Brasil – Onda 3 (Junho’2014)
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